11.12.2012

t & w | la casa de las puertas verdes | jo


| TENDER WONDERLAND |




8 nov 12 Barcelona

A casa das portas verdes. As chaves num envelope amarelo, revestido com bolhinhas, deixado no supermercado à frente.
O chão com aquele som delicioso de mosaico solto, com os padrões do Eixample,
Os corações de lata na parede.
Adormecer por meia-hora e acordar como se tivesse passado um dia.
O chuveiro com um fio de água quente, como um cabelo a dançar nas costas.
A janela vedada com a fita-cola do Primavera Sound de 08.
As bandeiras catalãs penduradas em todas as varandas.
O vermut do Armando, o pão com tomate e o jamon cortado tão fininho.
Voltar a casa. Aquele abraço, e a conversa que retoma tranquilamente o ontem, como se não tivesse passado mais de um ano.
Os cacahuetes japoneses, de casca crocante, as lascas de parmesão, o vinho crianza. 
Íamos cosendo a conversa como quem prova e desfruta.

9 nov 12

Acordar com os bilhetinhos igualmente verdes que incitam a desfrutar de Barcelona.
Barceloneta, depois do pequeno-almoço mais doce do mundo na marquise cheia de plantas.
O cava rosado semi sec e a sandes de lomo, pimiento y queso; as horas à beira mar, o café à frente e depois a clara.
Voltar ao metro, a casa, a outro bar,
Las mejores alitas de pollo de Barcelona, y el miedo de la resaca.
- Antes no existia.
- No, antes de la crisis no existia resaca.
O sono já passeia por todos mas insistimos.
E a música e os encontros compensaram.




10 nov 12

Dormir outra vez até acordar, sem pressas, a luz filtrada pelo cortinado na porta verde da marquise. 
Vislumbre da Sagrada Família e do Hospital Sant Pau; vermut em Gracia, numa bodega cheia de quinquilharia nas paredes.
Passeio tranquilo até ao Parc Guell, a cidade estendida como lençol ao sol lá em baixo, esticadinha, sem grandes pregas nem colinas, como cama acabada de fazer.
Chá na praça Rius i Taulet, e jam session dedilhada em piano, contrabaixo e bateria al Taller de Musics.

- Esta se llama Barcelona... - A música.

Tinha alguma coisa daquele quadriculado.

- sabes que me faz lembrar aqueles momentos antes de ir dormir.
- o Jazz?
- Sim, quando tens o pensamento livre, sem ordem..


11 nov 12

Acordar com a sensação que é sábado, mas já e domingo. Com a certeza de que estamos em casa, mas aperceber-me de que não vivemos cá.
- Quedénse!
Levantar, duchar e despachar, como se tivéssemos que preparar um grande almoço de família.
E era.
Vermut num garrafãozito de plástico, nos copos com laranja gelo e azeitonas, pão com tomate (esfregado com alho antes) e batatas fritas.
Tirar a pele as beringelas e cortá-las finas finas;
Fritar!
Molhinho de tomate com manjericão.
Parmigiano ralado no momento e mozzarellas a desfazerem-se em leite, no prato fundo, às fatias.
Tudo às camadas, a gratinar no forno.
- Quemadas??
- Bueno, estractos... Layers!
- Ah, capas!
Capas de amor, acabado de acordar; o aperitivo como pequeno-almoço e os abraços como manjar.




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Agora toda aquela cozinha nos meus cabelos, e na mala um present for tomorrow.




Todos somos mortales hasta el primer beso y la segunda copa de vino.
Eduardo Galeano          

                                                                                                                                                               JO

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